E hoje, esta noite, esta semana...essa frase fez e faz tanto sentido, eu estava no metrô e esse trecho gritando na minha mente, peguei a caneta, abri o caderno e de alguma forma tentei ilustrar...ok, talvez sem êxito. Talvez seja tanto doar-se sem nenhum consolo, é tanto sentir e nenhum conforto, talvez pouco conforto, no momento só as notas soando no piano me trazem alguma paz, eu pensei que estivesse imune à estas sensações, achei que toda esta inquietação já estivesse fora de questão, todo incômodo, toda a ausência de sentido...o perder-se sem razão alguma, ou por todas as razões que há no mundo. O querer dizer tanta coisa, mas não ter o que falar.
Estar perdida em todas as tuas convicções, querer se esvaziar de si mesma, uma transição dura, um desconstruir violento e sem cautela.
Estar perdida em todas as tuas convicções, querer se esvaziar de si mesma, uma transição dura, um desconstruir violento e sem cautela.
"Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco"
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco"
Achei ter superado, mas não...nem sei bem o que estou dizendo, só sei que há muita ausência.
Um cansar do óbvio, e o que é esta vida além do que se cansar do óbvio? Se cansar das falhas diárias e de toda incompreensão, todas as portas estão fechadas.
Aceitar a condição, dispensar a previsão.
Quanta capacidade desperdiçada, quanta lucidez, quanto abandono.
Eu tenho medo, estou com esse medo atravessado, uma angústia incessante, o medo de perder totalmente o que já foi se perdendo ao longo dos anos, lentamente, e ainda é vital, sempre será, toda a perturbação, e as relações conturbadas e mescladas entre si, sempre tão avessas e eu no meio da troca de tiros dentro de uma guerra entre os dois, uma guerra em que ambos emudeceram e as palavras não podem ser ditas, me usam como porta voz para gritarem todo esse silêncio sufocado pelo tempo. E eu como irei aguentar? Não sei.
A gente passa a vida toda construindo aquilo que se quer ser, absorvendo valores, objetivos e ideais, pra que em certo momento da vida você se depare com tudo o que pensa ser e queria simplesmente desconstruir, se não tudo, ao menos em parte, refazer o que já não acha tão relevante, justo, nobre.
Tá tudo muito pesado.
Tá tudo muito pesado.
transição lenta, a dificuldade em negar a si mesmo, me aproximar outra vez, só queria ser sincera e mostrar todas as minhas dúvidas. Essa vontade de abandonar pra sempre o passado, e simplesmente me recusar a aceitar o descaso e as migalhas de atenção de quem mais uma vez eu me importo, e muito. Manter uma distância confortável de tudo isso, de todas estas pessoas, de todo o dedicar-se em vão. Me desprender, lidar com o fato de ter me cansado de quase tudo, eu só não consigo negar o que sinto. Mergulhar no que pode ser novo, tentar não ser óbvia, lidar com o inconstante. Desejar o desconhecido, querer vivenciar o improvável e acreditar nele há cada segundo, simplesmente porque faz com que eu me sinta viva de uma forma muito lúcida e clara e se tiver errado, posteriormente saberei.
A idéia e todos esses pensamentos podem me soar absurdos daqui há um mês, mas agora eu não posso e nem quero negar o quanto isso é nítido, o quanto é real. Eu não te conheço, e posso estar louca, mas o meu achar deve fazer algum sentido, ao menos ele já fez. Estou disposta a descobrir até que ponto podemos ir, aonde poderemos chegar. Eu sei que você também pode fazer com que eu descubra o caminho, mas não sem antes viver toda a intensidade de cada momento.
Não quero mais estruturas convencionais, só o sentir, não importa o quão desordenado ele seja.
"Eu posso estar maluca, mas você é mesmo interessante".
E eu quero mesmo que aquele sonho seja real, cada segundo dele.
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