quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

às vezes só um acúmulo de angústias.
às vezes não há nada além da sombra projetada no corredor
pés que se esfregam debaixo do lençol, olhos que já não se sabe
se estão abertos ou fechados, para qualquer coisa, sobre qualquer ótica.
às vezes como um aperto de mão não dado, um abraço rejeitado
sem paz ou canção de ninar, sem descanso, sem repouso.

às vezes só
penso
só.





domingo, 2 de dezembro de 2012

Ela percebeu que antes mesmo de se aproximar de alguém, com qualquer vontade ou intenção, acaba se deparando com uma porção de histórias, com uma bagagem e um passado o qual ela jamais poderia imaginar, ela demorou a perceber, mas não quer mais se esquecer.

Prefere continuar a manter uma distância confortável, a distância que sempre manteve, só queria poder escapar da sensação que paira sobre a mente, anular o sensação de ser como uma folha de papel ocupado por muitos traços e rabiscos inacabados, ela queria poder anular o gosto amargo na boca, a dor pungente e o peito ardente cheio de vazio.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012


ontem, mês passado, ano passado, retrasado.

deparou-se com a certeza de que a sua volta,
nenhum se quer se afastou sem a ferir.

todos a magoaram, feriu o que era tão vital.


help me breathe
help me believe
you seem really glad that I am sad.
you are not my friend
i can't pretend that you are
you made it sting.




quantos suspiros são necessários
para exprimir incontáveis descontentamentos
e um punhado de raiva?

quantas vezes tenho que inspirar, respirar
e prosseguir? pra quê tanta tolerância?
porque tolerar tantas vezes tanta gente, de tantos
lugares? com laços ou não, me resta um nó na garganta
por não despejar tudo isso num grito.

emudeci, e por muitas vezes gritei, gritos altos e viscerais
que ecoavam no meu costumeiro silêncio. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

distraídos
dispersos
imersos na companhia da solidão.

no desencontro

no engano
com as mãos atadas
no espelho se apresenta à um reflexo que desconhece.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A noite é sublime, o dia, belo.

[...]

Na calma quietude de uma noite de verão, quando a luz trêmula das estrelas rompe a escuridão da noite que abriga uma lua solitária, almas que possuem um sentimento do sublime serão pouco a pouco despertadas para o mais alto sentimento de amizade, de desprezo ao mundo, de eternidade.
O dia resplandescente infunde um fervor ativo e um sentimento de jovialidade. O sublime comove, o belo estimula . O rosto do homem que experimenta integralmente o sentimento do sublime é sério, por vezes rígido e perplexo. Em contrapartida, a intensa sensação do belo anuncia-se por uma irradiante satisfação nos olhos, por traços sorridentes e, frequentemente, por uma perceptível jovialidade. O sublime, por sua vez, possui outro feitio. Seu sentimento é por vezes acompanhado de certo assombro ou também de melancolia, em alguns casos apenas de uma calma admiração e, noutros, de uma beleza que atinge uma dimensão sublime.

[...]

Quando se aprecia demais a alguém, torna-se impossível amá-lo. Embora suscite admiração, está por demais acima de nós para que ousemos nos aproximar dele com a intimidade do amor .

(KANT, Emmanuel. 1764, Observações sobre o sentimento do belo e do sublime, p.22.)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

"Il y a une fleur… je crois qu’elle m’aapprivoisé"


Tu não és ainda para mim senão um garoto igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo.
– Começo a compreender – disse o pequeno príncipe. – Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…

[...]