Quando eu tinha uns 8 anos eu me descobri apaixonada por guitarras, e toda vez que eu ouvia um solo de guitarra em algum vinil do meu pai eu ficava fascinada, pois eu sentia cada nota daquela sequência de sons, era incrível, excitante. Desde então eu percebi que há cada sensação eu descobria um pouco mais sobre mim e tem sido assim, cada projeção que faço sobre o que seja, é baseada na sensação que espero sentir, a ânsia de me livrar desta insegurança crônica, desta vontade de inspirar e respirar todo o ar que me é negado, o alívio de não esconder o quanto posso ser densa, inconstante, insistente. Não sei até que ponto posso tolerar a insensibildade humana, eu admiro tantas coisas, a capacidade de ser altruísta sem precisar esfregar, escancarar isso ao outros, a competência em ser sincero, honesto e se desfazer de tanto egocentrismo. Quase sempre me preocupo com um certo potencial que tenho, me considero uma forte candidata ao 'cargo' de 'depressiva', eu sempre grito em silêncio e a escuridão do meu quarto me consome e me diminui, alguns medos me sufocam, e tenho a impressão de sentir todas as emoções e sensações do mundo em uma fração de segundos, num insconsciente suspiro me deparo com lembranças e com memórias que se juntam aos pensamentos, estes que ao que me parece nunca consegueriam ser traduzidos, a velocidade na qual eles se formam se assemelha a velocidade da luz, vejo a tecnologia tão avançada e me pergunto porque ainda não fizeram algum aparelho que pudesse decodificar pensamentos, e assim nos livrar do peso que é pensar o tempo inteiro, seria confortante descarregar o turbilhão que se forma a cada instante seria como tirar férias de mim, das minhas dúvidas, dos tais anseios, só até eu poder me refazer e voltar a carregar tudo outra vez, não há distinção entre eles sejam bons ou ruins eles pesam, a projeção se fez antes e ela também está lá dentro o tempo todo, o mais engraçado é que existem também os momentos em que a alegria me toma a alma e pareço que vou explodir, e que se caso isso acontecesse cada parte de mim cintilaria em fragmentos de sonhos, são tantas as razões que me deixam bem, mas eu me pergunto se elas são maiores do que as que me deixam mal?! Por vezes penso que sim, pela simplicidade de cada sentimento, e ao mesmo tempo pela dimensão deles, e talvez seja, não sei bem, me ocorre tanta oscilação, não há como entender, e há, é extremamente confuso, metafísico demais, não quero me prender eu busco o que liberta, e eu encontrei está escrito e é assim que sinto, fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem e depois de tantos fatos, de tantas dores, eu pensava já ter sentido todo o desespero que eu podia suportar, mas não...eu nunca havia sentido tanto medo como eu senti na madrugada do último dia 4, minha mãe ali nos meus braços, o peito dela saltava como se o coração fosse parar depois de bater muito rapidamente, e eu perdi o ar o nó se formou na minha garganta e doía como uma foíce, e eu depositei toda a esperança em minha fé em uma crença que há algum tempo atrás era inexistente devido a uma porção de fatores e nela eu me refugiei, pedi para que ela não fosse embora, que ela não me deixasse, pois mesmo com tantos problemas, com tantas diferenças, eu percebi que nada disso era maior do que o meu amor e isso foi por pouco e novamente posso dizer que hoje vejo a minha fé inabalável, não importa o que haja, nós se quer imaginamos a dimensão que um sentimento pode ter, acho que só em momentos assim quando se está prestes a perder algo que lhe é vital é que você caí em sí...e vê que faria qualquer coisa, qualquer coisa mesmo para não sentir tal sensação, tal dor. Dor, uma palavra tão frequente no meu vocabulário, palavra que denomina a sensação que mais detesto e ela também é anexada à palavras, me surpreendo com a capacidade de ferimento que uma palavra pode causar são como lâminas afiadas, são como ferros em brasa dissecando a pele, são danos irreparáveis,são feridas que nem sempre cicatrizam, pulsações desenfreadas, atinge o seu ápice quando são processadas, mas nem sempre entendidas, faz sangrar sem derramar uma gota, e pode parecer exagero, mas não por quem sentiu. Não tente dominar uma dor, não se pode, não é possível. No entanto, eu ouvi dias atrás um comediante falando que não temos problemas tão reais nesta vida, todos eles tem prazo de validade,mais dia, ou menos dia ele passa, querendo ou não o tempo é o antibiótico da vida, é como um antiflamatório para as nossas feridas, a cura de tantas inflamações, cabe a nós ter aquela que não é chamada de virtude a toa: paciência! Somos tão excêntricos, temos a idéia fixa de que tudo o que pensamos, acreditamos, gostamos ou queremos é o certo, é o melhor, é mais plausível, é mais digno e louvável, seria tolice pensar que não? Não, acontece que tudo o que nos convém é mais é mais estético, é aceitável, compreensível, ético, justo, e belo. Tudo seguindo medidas, o equílibrio é preciso!
Eu sempre mantive uma distância confortável do mundo, não..não, eu estou nele, dentro dele.
É, eu descobri também que em cada canção que escrevo eu descubro um pouquinho mais de mim, em toda essência, ou do que pareço refletir.
Eu sou uma eterna antítese!